Ceará é o 2º estado do Nordeste com mais assassinatos de mulheres

 Ceará é o 2º estado do Nordeste com mais assassinatos de mulheres
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Mais de 2 mil mulheres foram mortas no Ceará entre 2007 e 2017, de acordo com dados evidenciados pelo Atlas da Violência 2019, publicação lançada nesta quarta-feira (5). Os números colocam o território cearense na segunda posição de estados nordestinos que mais matam pessoas do gênero feminino. Foram 2.371 homicídios contra mulheres em 11 anos. Apenas a Bahia, com 4.351 mortes, supera o Ceará.

O levantamento é uma produção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

De acordo com Jeritza Braga, defensora pública e supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará, essas estatísticas são refletidas no machismo e na falta de informação de mulheres sobre seus direitos.

“Eu atribuo esse excesso de feminicídio a um conjunto: à cultura machista, que está enraizada, à falta de políticas públicas e principalmente pelo fator chave, que é a falta de conhecimento dos direitos da mulher. A violência contra a mulher é ciclo”, aponta a defensora.

Jeritza pondera que as vítimas precisam saber que existe uma rede de apoio para elas. No ano passado, o Nudem realizou 4.388 atendimentos. Dentre as principais demandas estão queixa crime, medida protetiva e dissolução de união estável, de acordo com a Defensoria.

“Hoje a mulher sofre vários tipos de violência física e moral e isso acontece no ambiente que elas deveriam se sentir mais seguras: nas suas próprias casas. O homem vai sutilmente controlando a mulher ate que ela não se sinta à vontade para fugir da situação”, comenta Braga.

Vulnerabilidade

A pesquisa evidencia ainda, que a cada 10 mulheres mortas no Ceará, no intervalo de tempo analisado, seis eram negras, totalizando 1.463 mulheres negras mortas no Estado em 11 anos. Jeritza Braga pontua que este dado se deve a vulnerabilidade social em que estas vítimas estão inseridas.

“Estatisticamente, esse grupo de mulheres negras é o que menos têm acesso à direitos e educação, por serem pobres, elas têm maiores dificuldades de ter acesso a informação”, afirma.

No Brasil, o Atlas da Violência contabiliza 9.607 mulheres foram assassinadas no período analisado. O levantamento tem como base os dados de 2017 do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS) e aponta o perfil dos homicídios no Brasil e traz um panorama da violência no território nacional.

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